Era
uma vez uma pequena lagartita às riscas que saiu do ovo que tinha sido a sua
casa por muito tempo.
– Olá,
mundo! – disse ela – Como brilha o sol aqui fora!
Tenho
fome – pensou, e logo começou a comer a folha em que havia nascido. E comeu outra
folha…, e outra, e cresceu, e outra…e cresceu...
–“Na
vida, tem que haver mais que simplesmente comer e crescer” “Isto está a
tornar-se aborrecido”
Então,
Risquitas desceu da árvore, sua amiga, que lhe havia dado sombra e alimento. Buscava
algo mais!
E
então, decidiu-se a começar um caminho diferente, um caminho desconhecido. E
começou a sua aventura! Começou um caminho novo em direcção ao sol.
Muito
perto do caminho havia um gafanhoto:
–Para onde te diriges?-, perguntou-lhe ele.
Sem deixar
de caminhar, a lagartita respondeu:
–Tive um sonho! Ontem à noite sonhei que
desde o cimo da grande montanha conseguia ver todo o vale. Gostei muito do que
vi no meu sonho e decidi realizá-lo.
Surpreendido,
o gafanhoto disse, enquanto a sua amiga se afastava:
–Deves estar louca!, Como
poderás chegar até àquele lugar? -Tu, uma simples lagarta!
Uma pedra será una
montanha, um pequeno charco um mar e qualquer tronco uma barreira intransponível.
Mas
a lagartita já estava longe e não o escutou. Os seus diminutos pés não deixaram
de mover-se.
Logo se ouviu a voz dum escaravelho:
–Para
onde vais com tanto empenho?
Já suando, a lagartita disse-lhe
radiante:
–Tive um sonho e desejo realizá-lo, subirei àquela montanha e desde
aí contemplarei todo o nosso mundo. O escaravelho não pôde conter o riso, soltou uma gargalhada e logo disse:
–Nem
eu, com patas tão grandes, tentaria uma empresa tão ambiciosa.
Ele ficou deitado por terra por causa do riso, enquanto a lagartita continuou o
seu caminho, havendo avançado já uns quantos centímetros.
Do mesmo modo, a aranha, a toupeira, a rã e a flor aconselharam a nossa amiga a desistir.
Do mesmo modo, a aranha, a toupeira, a rã e a flor aconselharam a nossa amiga a desistir.
Não o conseguirás jamais! – disseram-lhe –, mas no seu interior havia um impulso que a obrigava
a seguir.
Já completamente esgotado, sem forças e a ponto de morrer,
decidiu parar para descansar e construir com os seus últimos esforços um lugar onde
pernoitar. – Estarei melhor! – foram as suas últimas palavras e morreu.
Todos os animais do vale, durante dias a fio, foram ver
os seus restos mortais. Aí estava o animal mais loco da povoação. Tinha
construído, como sua sepultura, um monumento à insensatez. Aí estava um duro
refúgio, digno de alguém que morreu por querer realizar um sonho irrealizável.
Numa manhãzita, em que o sol brilhava de uma maneira
especial, todos os animais congregaram-se junto àquilo que se tonara uma advertência
para os atrevidos.
Rapidamente ficaram atónitos. Aquela carapaça dura começou
quebrar-se e com assombro apareceram uns olhos e depois uma antena que não podia
ser a da lagartita que acreditavam estar morta.
Pouco a pouco, como se fosse para dar-lhes tempo de recomporem-se
do impacto, foram saindo umas belíssimas asas em arco-íris daquele impressionante
ser que tinham frente a eles: Uma borboleta!
Não houve
nada para dizer, todos sabiam o que faria a nova borboletazinha. Iria voar até
à grande montanha e realizaria um sonho, o sonho pelo qual havia vivido, pelo
qual havia morrido e pelo qual havia voltado a viver. Todos se tinham enganado.
Conto tradicional mexicano.
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