20 maio, 2013

Esperança de uma vida nova!


    


    Era uma vez uma pequena lagartita às riscas que saiu do ovo que tinha sido a sua casa por muito tempo.
     – Olá, mundo! – disse ela – Como brilha o sol aqui fora!
    Tenho fome – pensou, e logo começou a comer a folha em que havia nascido. E comeu outra folha…, e outra, e cresceu, e outra…e cresceu...
    “Na vida, tem que haver mais que simplesmente comer e crescer” “Isto está a tornar-se aborrecido”
    Então, Risquitas desceu da árvore, sua amiga, que lhe havia dado sombra e alimento. Buscava algo mais!
    E então, decidiu-se a começar um caminho diferente, um caminho desconhecido. E começou a sua aventura! Começou um caminho novo em direcção ao sol.
    
    Muito perto do caminho havia um gafanhoto: 
    Para onde te diriges?-, perguntou-lhe ele.
    Sem deixar de caminhar, a lagartita respondeu: 
    Tive um sonho! Ontem à noite sonhei que desde o cimo da grande montanha conseguia ver todo o vale. Gostei muito do que vi no meu sonho e decidi realizá-lo.
    Surpreendido, o gafanhoto disse, enquanto a sua amiga se afastava: 
    Deves estar louca!,     Como poderás chegar até àquele lugar? -Tu, uma simples lagarta!
   Uma pedra será una montanha, um pequeno charco um mar e qualquer tronco uma barreira intransponível.
    Mas a lagartita já estava longe e não o escutou. Os seus diminutos pés não deixaram de mover-se.
    
    Logo se ouviu a voz dum escaravelho: 
    Para onde vais com tanto empenho?
    Já suando, a lagartita disse-lhe radiante: 
    Tive um sonho e desejo realizá-lo, subirei àquela montanha e desde aí contemplarei todo o nosso mundo.    O escaravelho não pôde conter o riso, soltou uma gargalhada e logo disse: 
    Nem eu, com patas tão grandes, tentaria uma empresa tão ambiciosa.
    Ele ficou deitado por terra por causa do riso, enquanto a lagartita continuou o seu caminho, havendo avançado já uns quantos centímetros.
    Do mesmo modo, a aranha, a toupeira, a rã e a flor aconselharam a nossa amiga a desistir.
Não o conseguirás jamais! – disseram-lhe –,  mas no seu interior havia um impulso que a obrigava a seguir.

    Já completamente esgotado, sem forças e a ponto de morrer, decidiu parar para descansar e construir com os seus últimos esforços um lugar onde pernoitar. – Estarei melhor! – foram as suas últimas palavras e morreu.

    Todos os animais do vale, durante dias a fio, foram ver os seus restos mortais. Aí estava o animal mais loco da povoação. Tinha construído, como sua sepultura, um monumento à insensatez. Aí estava um duro refúgio, digno de alguém que morreu por querer realizar um sonho irrealizável.
    Numa manhãzita, em que o sol brilhava de uma maneira especial, todos os animais congregaram-se junto àquilo que se tonara uma advertência para os atrevidos.
Rapidamente ficaram atónitos. Aquela carapaça dura começou quebrar-se e com assombro apareceram uns olhos e depois uma antena que não podia ser a da lagartita que acreditavam estar morta.
    Pouco a pouco, como se fosse para dar-lhes tempo de recomporem-se do impacto, foram saindo umas belíssimas asas em arco-íris daquele impressionante ser que tinham frente a eles: Uma borboleta!
    Não houve nada para dizer, todos sabiam o que faria a nova borboletazinha. Iria voar até à grande montanha e realizaria um sonho, o sonho pelo qual havia vivido, pelo qual havia morrido e pelo qual havia voltado a viver. Todos se tinham enganado.

Conto tradicional mexicano.

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