16 janeiro, 2014

21 Gramas



De: Alejandro González Iñárritu
Com: Sean Penn, Benicio Del Toro e Naomi Watts
Drama, M/16, EUA, 2003, 124 min.

O filme conta-nos a história de três pessoas diferentes, de mundos distantes entre si, sem nada em comum, sem nada que as aproxime... aparentemente. Christina Peck (Naomi Watts), uma mãe de família que leva uma vida calma e tranquila com as suas duas filhas e o seu adorado marido; Jack Jordon (Benicio Del Toro), um ex-presidiário, que encontrou na sua fé a saída para um caminho melhor, junto da sua família; e Paul Rivers (Sean Penn), um professor de matemática que sofre de uma doença terminal e se vê num casamento destruído e sem amor. Mas este não seria um filme de Alejandro González Iñárritu se, por um terrível acaso, não existisse uma forma de aproximar estas três vidas. Se por um cruzamento, matematicamente improvável, não fosse possível unir estas três linhas num mesmo eixo de dor, perda e culpa.



A morte dos "mais-que-tudo" de Christina (o seu marido e as suas filhas); a carrinha de Jack que fez a curva depressa demais; e um coração, que ainda bate, e que salva a vida de Paul. É este terrível acidente, um ínfimo ponto de cruzamento num espaço e num tempo, que tornará mais próximas estas três pessoas, e as distanciará para sempre da vida que tinham, de tudo o que eram. Christina que se vê sem nada nem ninguém, num mundo não real, criado pela sua dor, pelo seu alcoolismo e toxicodependência. A revolta de Jack contra Deus, contra o seu Deus, que tanto o ajudou e agora o castiga. Revolta que não encontra nem razão, nem perdão, e o afasta das suas antigas certezas e refúgios. Uma nova vida para Paul, uma possibilidade de fuga da sua vida anterior, que pensa já não ser sua. Uma oportunidade para refazer o que já era feito, para voltar atrás e enganar o tempo. Tempo ele que não se engana.

Dizem que todos perdemos 21 gramas no exacto momento da nossa morte.
Mas quanto é 21 gramas? Quanto nos pesa? A uns pesará os estilhaços perdidos de uma outra vida que já não existe; a outros pesará um mundo de culpa, que carregarão às costas para o resto da vida; e a outros não pesa - alivia. Porque a perda também traz com ela oportunidade. E da perda renascerá a esperança, e surgirá o caminho, à espera de ser caminhado. E aos passos por dar neste caminho futuro, chegará a liberdade para o percorrer, e a força para nos levantar e fazer seguir, neste caminho em espera de ser vincado. E com estes passos nos traçaremos, nos edificaremos. E com eles construiremos outros trilhos, outras pontes, outros cursos, e outros caminhos... Até um próximo cruzamento.

"E quando o que se tinha perdido foi queimado, os campos de milho voltaram a ser verdes."


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