15 dezembro, 2012

ANO DE PROCURA




Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam, 
perguntou-lhes: «Que procurais?» (Jo 1,38)



Jesus voltou-se e, notando que 4 jovens o seguiam, levantou, de novo, a questão: “Que procurais?”. 
Desde o dia 02 de Setembro deste ano que esses quatro jovens em formação se encontram à volta da resposta à questão. Uma questão que não é uma questão qualquer, basta pensarmos que sai da boca de Jesus, mas que os coloca diante do seu valor e do sentido da sua vida. Uma resposta que, com mais consciência ou menos consciência, só pelo facto de terem recebido de bom grado a proposta de passar a uma nova etapa e de tomar o hábito carmelita, já começou a ser dada. 

É interessante notar que Jesus não está nada preocupado com os nomes dos primeiros discípulos e destes quatro jovens: se se chamavam Pedro, André, Tiago e João ou Renato, Carlos, Eugénio e Vitor; aliás, nem lhes pergunta quem são (A pergunta é doutro teor). Nem sequer se uns e outros eram citadinos ou campesinos, do continente ou das Ilhas, gente com estudos ou a iniciar, calejada por uma profissão ou à espera dela; se tinham passaporte e se ele indicava que eram judeus, portugueses ou timorenses. A pergunta, como dissemos entre parêntesis, mas “mais certeira que a luz do meio-dia”, é doutro teor. E é doutro teor, porque, para Jesus, cada um deles e cada um de nós vale por aquilo que procura. No que procuramos, está ou não o nosso valor e o sentido ou sem-sentido da nossa vida.

O Eugénio é um desses jovens que Jesus notou que O estava a seguir: tem 28 anos e é natural de Timor-Leste. O Vitor, qual outro discípulo de João Baptista, mas natural de Timor-Leste, não ficou atrás: ao ouvir alguém a pronunciar um nome tão grandioso como o de “Cordeiro de Deus, e só com 24 anos, pôs-se no Seu caminho. Apareceram, ainda, dois jovens chamados Carlos e Renato: o primeiro com 24 anos, natural do Marco de Canaveses, mais concretamente da freguesia de Rosém, o segundo com 20 anos e das Ilhas dos Açores, nomeadamente da Ilha Terceira. Estes não faziam parte dos discípulos de João Baptista, mas nem por isso deixavam de ter algo em comum com os outros dois: também eles “procuravam” e tinham um simples e profundo desejo de “ir e ver”.

O terem-se posto a seguir Jesus, deu nisto: actualmente, e depois de já terem passado por mais duas etapas formativas (Aspirantado e Postulantado), estão entre os Religiosos e as Religiosas carmelitas, filhos e filhas de Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz. No Centro de Espiritualidade em Avessadas, Marco de Canaveses, com uma comunidade de 5 Religiosos Professos e Sacerdotes, frequentam a etapa formativa do Noviciado que, de dia para dia, vai-lhes proporcionando esse “ir e ver” e a descoberta do que “procuram”, bem como o discernimento dessa «procura», isto é, se se trata duma procura que dá valor e sentido ou se, pelo contrário, o que comporta é ausência de valor e sentido. 

A descoberta e a resposta à questão de Jesus podem implicar muito tempo: um ano, por exemplo, que, por acaso, é o tempo estipulado, neste momento, para o noviciado nesta Província de Carmelitas Descalços. Mas não só: implica, sobretudo, silêncio, um voltar-se para o interior, um conhecer-se a si próprio, um conhecer a Jesus e o Deus de Jesus, uma oração-amizade, uma abertura ao Evangelho e à Igreja, uma comunidade, um carisma e uma espiritualidade, um acompanhamento e trato com outros testemunhos credíveis que se puseram a seguir o Mestre. Quais são esses testemunhos credíveis? Pergunta à Igreja, mas, se quiseres, a seu tempo, também esses 4 jovens te poderão dizer. 

E, tudo isto, eles recebem, nesta Ordem, na qual se encontram!... Queres também chegar a saber o que procuras? 

Pe. Vasco Nuno 

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