16 dezembro, 2012

Alegrai-vos!


A Liturgia deste Domingo convida-nos à alegria. Um convite que nos é feito da parte do Senhor, porque é n’Ele que está a fonte da verdadeira alegria. Deus é “alegria infinita” (S. Teresa dos Andes). Ao convidar-nos à alegria, o Senhor convida-nos a não termos medo: “Não temas, Sião” (Sof. 3). “Não vos inquieteis com coisa alguma” (Fil. 4), como se nos diga: “Porque Eu venho a ti, já não tens nada a temer”. Por isso dizia o nosso Santo Padre João da Cruz: “Não é da vontade de Deus que a alma se inquiete com coisa alguma”. E assim nos exorta a segunda leitura: “Alegrai-vos” (Fil. 4)

Quando Deus vem ao encontro do homem traz sempre consigo a alegria e são desterrados o medo, a perturbação, a inquietação. Assim inicia o Novo Testamento, com a anunciação do Anjo a Nossa Senhora: “Alegra-te, ó cheia de graça”! “Não temas; Maria”. Desde a encarnação do Verbo, o mundo ficou vestido da Alegria de Deus! O Senhor traz sempre consigo o sol da alegria que expulsa as trevas do medo.

Então, se Deus encarnou em Jesus, se já veio a este mundo, porque continuamos nós a sentir medo, porque nos perturbamos e inquietamos, porque vivemos tantas vezes em grande ansiedade, tolhidos pelo medo do futuro, medo de perder os que amamos, medo de não ter emprego, medo de não sermos compreendidos e aceites, medo de não sermos amados? A Encarnação não foi um acontecimento do passado, ela continua a acontecer, em cada momento da nossa vida, no presente que nos é dado viver, aqui e agora. Sentimos o medo que nos rouba a alegria, porque em muitas situações da nossa vida Ele não encarna, Ele não tem espaço, estamos surdos e cegos para O reconhecer, porque estamos demasiado confiantes em nós mesmos e nas nossas forças e não acreditamos que Ele tem poder para nos dar a força que precisamos para não desanimarmos e perdermos a esperança. Fazemos divisões dentro de nós e na nossa vida: há espaços da nossa casa interior onde Ele não tem espaço, não chegou ainda a encarnar, por isso, essas realidades continuam habitadas pelas sombras do medo e da inquietação. A nossa relação com Jesus tece-se, muitas vezes, em alguns momentos de encontro com Ele, algum momento de oração, mas não é uma relação viva que perdura em todos os momentos e ao longo de todo o dia, com as portas da nossa casa interior todas escancaradas para Ele. Quando o Senhor vem, vem sempre de uma forma totalizante para empapar todo o tecido da nossa existência da Sua presença e não vem apenas a algumas partes ou compartimentos dela. Ele não quer assumir algumas coisas da nossa vida, Ele quer assumir toda a nossa vida, sem nada dela ficar excluído, para encher tudo da Sua presença de amor, o mesmo é dizer, da Sua alegria. Não quer dizer que não teremos mais dificuldades, mas que não estaremos mais sós.

“O que devemos fazer?” perguntamos também nós, como no Evangelho. Entreguemo-nos inteiros ao instante presente, dando o melhor de nós próprios, fazendo o maior bem possível em gestos concretos de amor, procurando a criatividade do amor que, mesmo do mal, sabe tirar o bem. Cada instante que nos é dado viver não é para nos fazer medo, mas – porque temos a certeza e experimentamos que Ele está connosco, Se alegra connosco, faz festa e exulta de alegria por nossa causa, está presente a nós, ama-nos infinitamente - sentimos toda a confiança para nos entregarmos, sem medo, a cada momento, para fazer algo muito belo para o Senhor e para os outros, como o fizeram Maria e José, ao acolherem Jesus encarnado na sua vida. Que neste Natal Jesus encontre todo o espaço para nascer em nós e assim encher a nossa vida da Sua alegria infinita!

Madre Margarida do Menino Jesus

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