21 dezembro, 2012

DEUS CHAMOU-ME DE MUITAS MANEIRAS E COM VÁRIAS VOZES




Considero que Deus me chamou de muitas maneiras e com várias vozes durante a minha história de vida de 25 anos. Serviu-se de situações, acontecimentos, encontros, pessoas, livros, filmes, experiências, sentimentos, pensamentos, na alegria e na tristeza. Este chamamento misterioso, sussurrante e inefável, foi «escutado» de forma mais intensa nos princípios de 2006.

Vivendo uma conversão gradual na minha vida espiritual e na oração, e ao reflectir sobre a minha vida passada e o meu modo de ser, comecei a perceber que o Senhor me estava a indicar um caminho para a minha vida que me levaria até Ele de uma forma mais intensa e radical.

Recordo que, quando vi os filmes, “Irmão Sol/Irmã Lua” e “A Vida de São Patrício da Irlanda”, fiquei cativado pela Vida Religiosa. Lembro-me que depois de ver cada um destes filmes, me ajoelhei diante dum crucifixo que tinha no meu quarto e ofereci-me a Jesus Crucificado, emocionado e com grande abandono de alma, dando um Sim ao convite especial que vinha a sentir. Fazia sentido que eu entrasse na Vida Religiosa. Sentia um grande alívio e paz ao pensar ser religioso. Não tinha uma carreira ou uma profissão em mente. Nunca tive ambições materiais ou de poder. Procurava algo na vida que fosse mais além e diferente do mundanismo. Ou seja, não procurava algo mas sim Alguém que estivesse mais além. E este Alguém procurava-me também. Queria que fosse mais além, que não tivesse medo à diferença por Ele e com Ele. Foi Ele que criou o vazio que só mesmo Ele poderia preencher. Só Deus poderia satisfazer os desejos mais profundos do meu coração. Uma inquietude que só Ele poderia serenar, como diz Santo Agostinho nas suas Confissões: “Fizeste-nos, Senhor, para Vós e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Vós... Brilhastes, cintilastes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o..., suspirando por Vós. Saboreei-Vos e, agora, tenho fome e sede de Vós...”

Tinha passado por muitas desilusões e escuridão de espírito, mas, como diz o nosso Santo Padre, São João da Cruz: “...o passar pelas trevas acaba em grande luz.” Quando vi a Luz de Deus ao fim do túnel da minha vida sem sentido, o que podia fazer senão seguir a Luz para sair das trevas e ajudar outros a encontrar e seguir a mesma Luz. O desejo de partilhar a minha experiência de Deus foi forte desde o início e impeliu-me a anunciar a Boa Nova, principalmente aos jovens que andavam e andam perdidos e enganados por luzes falsas e ruídos hipnotizantes deste mundo, distantes da verdade e do Espírito de Deus.

O Carmelo apareceu na minha vida como um mistério. Um mistério que me seduziu e me levou a entrar neste jardim de Deus. Só sei que a página web vocacional da Província de Portugal teve uma grande influência na minha decisão de escolher a Ordem Religiosa do Carmelo Teresiano. 

Senti-me bem-vindo e chamado às suas portas com estas simples palavras que me sensibilizaram: Serás bem recebido... Estás convidado a aparecer, palavras acolhedoras que nunca tinha visto noutras páginas web vocacionais de outras Ordens Religiosas.

Porquê os Carmelitas? O que mais me despertou desde sempre na Vida Religiosa foi a dimensão contemplativa. Mas, como disse, também queria anunciar a Boa Nova, partilhando os frutos da minha oração e intimidade com Deus. O Carmelo tem os dois lados da moeda. O atendimento espiritual e pastoral do sacramento da reconciliaçâo chamavam-me a atenção também. A literatura espiritual e a criatividade dos santos carmelitas atraíam-me a esta família de místicos. 

A etapa vocacional em que me encontro é uma fase de discernimento diário da vontade de Deus para a minha vida e uma introdução à experiência vital da Vida Religiosa carmelitana, dando corpo ao espírito do chamamento. 

Preciso de tempo e paciência. Tempo para experimentar, tomar decisões e clarificar ideias; paciência com este tempo da experiência e com o meu ritmo próprio. Acredito que com o tempo, a experiência, o discernimento, a paciência, a determinação e a oração, vou assimilando o rico carisma teresiano – o espírito e vida que estou a chamado a viver. Esta sendo para mim um tempo de enamoramento da família teresiana. 
O que mais me apaixona na família dos carmelitas é o facto me tornar discípulo de Cristo segundo o estilo de Santa Teresa de Jesus e de São João da Cruz; é o facto de ser como eles um descendente “daqueles nossos santos padres do Monte Carmelo inspirados pelo espírito inflamado do profeta Elias”; e como Elias ser profeta da presença do Deus Vivo que é Amor, no meio deste mundo que não O conhece ou não O quer conhecer. 

Vivo entusiasmado ao pensar que posso ser um irmão próximo dos que mais necessitam saber que há um Pai que os ama, ajudando-os a conhecer este Pai Celeste que os criaram para as grandezas da vida espiritual e teologal na intimidade com Ele. A vida interior e a intimidade com Deus despertam-me muito a atenção juntamente com os escritos e vidas exemplares dos santos do Carmelo. Dizia, por exemplo, a Ir. Isabel da Trindade: “Como se é feliz, quando se vive na intimidade com Deus!” – é esta verdade que vou descobrindo. 

Sinto que é no Carmelo Teresiano que vou encontrar esta felicidade e esta intimidade divina e assim sentir-me mais válido para o serviço da Igreja como bom filho de Teresa de Jesus, que morreu exclamando a alegria de ser Filha da Igreja. Como ela quero ser do grupo dos amigos fortes de Deus de que o mundo tanto necessita.

Frei Danny do Divino Espírito Santo

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