03 janeiro, 2013

Vigília de oração com Santa Teresa



No passado dia 20 de Outubro, nós, os noviços, em colaboração com o grupo de jovens GPS da paróquia de Avessadas, dirigimos uma vigília de oração, com o intuito de assinalar a solenidade de Santa Teresa de Jesus, a 15 de Outubro. Esta vigília aconteceu alguns dias após a solenidade, para que se pudesse reunir os jovens do grupo.

Uma vez que esta vigília era destinada a orar com Teresa de Jesus, fundadora desta grande família, que é o Carmelo Descalço, a oração não poderia deixar de a ter por tema. Assim, todos procuramos fazer um percurso com Santa Teresa, que nos explicou toda a dinâmica da oração como história de amizade com Deus. Na preparação da vigília, tivemos em conta, essencialmente, a sua definição de oração (“oração […] não é mais do que uma relação de amizade, estando muitas vezes a sós, com Quem sabemos que nos ama” V 8, 5) e os quatro graus de oração, que marcam as principais etapas no aprofundamento da intimidade com Deus.

Neste sentido, procuramos aproveitar os espaços da mata que retratam, precisamente, estes quatro graus de oração, que são também uma comparação com os quatro modos de regar. O primeiro grau da oração é o poço: o orante que inicia o caminho de oração ainda se sente muito longe de Deus e para conseguir orar precisa de pôr muito trabalho da sua parte, o qual consiste, essencialmente, em se determinar a responder de todo o coração ao amor infinito que Deus lhe tem, tal como o jardineiro que tem que, determinadamente, atirar o balde ao poço para tirar água, puxá-lo e levar a água até às plantas que precisam de ser regadas. 

Segue-se a nora de alcatruzes: tal como o jardineiro tira mais água e com menos trabalho, assim também o orante começa a sentir Deus cada vez mais perto de si e torna-se também mais consciente do grande amor de Deus por ele. A tensão amorosa entre Deus e o orante começa a tornar-se cada vez mais intensa.

Haverá menos trabalho da parte do jardineiro e do orante, se a água provém de uma fonte ou de um rio, porque basta encaminhar a água até ao sítio devido. Neste terceiro grau da oração, o próprio Deus começa a fazer-se presente ao orante, tendo este menos trabalho em procurar Deus, que não pode ver nem sentir com os seus sentidos exteriores. Este grau de oração é também significado de uma grande intimidade entre Deus e o orante, resultado de um esforço do orante por corresponder ao amor que lhe vem de Deus, esforço que é cada vez mais determinado, porque o orante começa a receber o fruto que deseja, a proximidade com o seu Criador.

Contudo, há mais uma forma de regar o jardim: a chuva. Então não há trabalho nenhum do jardineiro, nem do orante, que, simplesmente, vê o seu Senhor a fazer brotar as flores do seu jardim, no qual Ele se vem deleitar com os preciosos perfumes das flores.

Esta comparação expõe o orante como jardineiro que tem por função cuidar do jardim, que é a sua própria alma. Neste jardim, estão as sementes que darão origem às plantas e, posteriormente, às flores. Estas últimas são as virtudes. Destas flores, exala o perfume que deleita o Senhor do jardim, Deus. O jardineiro tem que regar as sementes e as plantas para que elas cresçam até que floresçam as flores, as quais têm que continuar a ser regadas, para não secarem. A água que alimenta as virtudes é o amor que procede da relação amorosa entre a Pessoa de Deus e a pessoa do orante. Este amor é uma “dupla corrente” entre Deus e o orante, pois o amor é dado por Deus a todo o ser humano, mas para que este amor se complete, perfeitamente, necessita de uma resposta afirmativa do orante. Deste modo, estabelece-se entre o orante e Deus uma tensão amorosa que os aproxima cada vez mais. Quanto mais intensa é a resposta do orante, mais intensa é a intimidade entre Deus e o orante; e quanto mais intensa é a intimidade, mais intensa é a resposta do orante a Deus. Desta tensão amorosa crescente resulta a simplificação da pessoa do orante e, como consequência, desenvolvem-se no orante as virtudes.

Teresa não nos escondeu que orar é difícil, porque é difícil ser simples a quem leva tanta experiência em ser complicado. O homem à medida que se torna mais complexo, com o processo normal de crescimento, também se torna mais complicado e isso dificulta-lhe o contacto com o Transcendente, com o absolutamente Outro que o interpela. Assim, todo o trabalho do orante para chegar à intimidade de Deus resume-se a um processo de simplificação que se torna sofrido pela resistência, consciente ou inconsciente, do orante à simplificação. O agente principal desta simplificação é Deus, o orante só tem que se abrir e dar o seu consentimento à acção de Deus em si. Mas Teresa também garante que a todo aquele que se determina a empreender esta relação de amizade com Deus, Deus não o abandona, nem o deixa morrer à sede, ou seja, não o deixará morrer sem o Seu amor.
Os Noviços


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