02 janeiro, 2013

A bênção de Deus! (Homilia no primeiro dia do ano )



Estimados irmãos: nós, cristãos, entramos no novo ano, não com o rosto carregado de amargura, de dor, de sofrimento ou incertezas, mas de confiança e de esperança num novo amanhã. Embora façamos parte duma sociedade e dum mundo que se dizem em crise, entramos no novo ano debaixo da bênção. 

A primeira bênção de Deus dada à humanidade na plenitude dos tempos foi o “sim” de Maria. Depois outras se seguiram: Jesus, o Messias que estava para vir ao mundo, o Evangelho ou a Boa Nova que nos haveria de ensinar a ser e a viver, a formação da Igreja, povo de Deus, a instituição dos sacramentos, com especial destaque para o Baptismo, Eucaristia e Confirmação, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o testemunho dos cristãos nos primeiros séculos e a fé recebida dos nossos pais e familiares. 

A primeira leitura deste dia colocava-nos a todos debaixo da bênção de Deus, à semelhança do que Ele fez, outrora, com o seu povo, Israel. As mesmas palavras que o Senhor pediu a Moisés que dissesse a Aarão e aos seus filhos, para que eles, por sua vez, as dirigissem a todo o povo, assim pede, hoje, aos seus apóstolos, como eu, para que as pronunciem sobre vós: “O Senhor vos abençoe e vos proteja. O Senhor faça brilhar sobre vós a sua face e vos seja favorável. O Senhor volte para vós os seus olhos e vos conceda a paz”. 

Porém, a bênção do Senhor requer a nossa participação, a nossa colaboração em cada dia. Mas em que sentido ou de que forma? Podemos ficar todos a sabê-lo através duma oração composta, outrora, pelo Papa João XXIII ao “hoje”, ao nosso “santo hoje”, ao modo como podemos viver a oportunidade do “agora” e de cada momento como se fosse único:

Hoje, apenas hoje!

«Procurarei viver pensando apenas no dia de hoje, sem querer resolver de uma só vez todos os problemas da minha vida.

Hoje, apenas hoje, terei o máximo cuidado com a minha convivência: afável nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar ou corrigir ninguém à força, senão a mim mesmo. 

Hoje, apenas hoje, serei feliz na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas também já neste.

Hoje, apenas hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias sem pretender que sejam todas as circunstâncias a adaptarem-se aos meus desejos.

Hoje, apenas hoje, dedicarei dez minutos a uma boa leitura. Assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, assim a boa leitura é necessária à vida do espírito.

Hoje, apenas hoje, farei uma boa acção e não direi nada a ninguém.

Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custe fazer; e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba.

Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado. Talvez não o cumpra fielmente, mas ao menos escrevê-lo-ei. E fugirei de dois males: a pressa e a indecisão.

Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente – embora as circunstâncias mostrem o contrário – que Deus se ocupa de mim como se não existisse mais ninguém no mundo.

Hoje, apenas hoje, não terei qualquer medo. De modo especial, não terei medo de apreciar o que é belo e crer na bondade».

Amen.

(João XXIII)

Pe. Vasco

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