01 janeiro, 2013

MAIS UM ANO




O começo dum novo ano é, para todos, fonte de esperança. É o momento em que, às doze da noite do 31 de Dezembro, soam os campanários e desejamos deixar para trás todas as coisas más que aconteceram, tudo o que é velho, para receber as coisas boas que nos permitam renovar a vida. 

Para o cristão, esta esperança não constitui simplesmente um bom desejo; funda-se na segurança de que Deus, Senhor do Tempo e da história, nos acompanha e nos abençoa, e na certeza de que cada ano que passa é um ano que nos aproxima mais e mais d'Ele.

Assim, sem esquecer a festa e a alegria que traz o novo ano, o cristão deveria começar o novo ano oferecendo-o a Deus desde as suas primeiras horas. Um ano novo, na realidade, uma vez passado o entusiasmo das primeiras horas, apresenta-se como uma grande incógnita; trará, sem dúvida, coisas boas, mas sabemos que nem todas o serão. Como dizia Santa Teresinha aos seus tios desejando-lhes um bom ano novo de 1893: “Queria, se fosse possível, que o novo ano não lhes reservasse mais do que alegrias. Mas a Deus, que sabe a recompensa que tem reservada para os seus amigos, gosta, geralmente, de os fazer ganhar os seus tesouros através de sacrifícios”.

A Liturgia do primeiro dia do ano, solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, ajuda-nos a reflectir sobre estas realidades. Assim, a primeira leitura da missa (Nm 6, 22-27) traz-nos a bênção de Deus sobre o povo eleito, o que nos recorda que o Senhor guarda a nossa vida, resplandece perante nós como Pai de luz e derrama sobre nós a Sua paz. A bênção que recolhem estes versículos do livro dos Números é um convite a acolher a vida com confiança, a saber que, acima das dificuldades que se apresentarão no ano, a presença de Deus não nos faltará. Di-lo também Santa Teresinha na carta citada: “Contudo, mesmo no meio das provas que envia, Deus está cheio de delicadezas”.

Esta esperança, que nos permite olhar o futuro com paz, não se funda num sentimento subjectivo. Como nos recorda S. Paulo na segunda leitura do primeiro dia de Janeiro (Gal 4, 4-7): “ao chegar a plenitude dos tempos, enviou Deus a Seu Filho, nascido de uma mulher"; assim podemos fundamentar a nossa confiança no facto real e objectivo da presença de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, no meio de nós.

O Deus que está acima do tempo, o Senhor da história, teve por bem, pela Sua infinita misericórdia, entrar na nossa história, assumir a nossa carne. Como Maria, acolhemos esta notícia e meditamo-la no nosso coração (cf. Lc 2, 16-21, evangelho do dia) e como os pastores glorificámos e louvámos a Deus pelas maravilhas que temos visto e ouvido.  

Maria, a qual celebramos hoje como Mãe de Deus, é recordada na Eucaristia como intercessora (oração colecta) e cantada na antífona de entrada como a Mãe Santa que deu à luz o Rei que governa o Céu e a terra pelos séculos dos séculos.

Fiados em tão poderosa intercessora e em seu Filho, podemos entrar com absoluta confiança no novo ano, seguros de que a nossa vida está, sempre, nas mãos de Deus, ao qual podemos chamar Abbá, Pai.

Pe. Emílio Martinez

Sem comentários:

Enviar um comentário