Num rio largo e profundo
trabalhava um barqueiro simpático e experiente, que atravessava na sua pequena
canoa as pessoas de uma margem para a outra.
Certo dia, entraram na sua canoa
duas pessoas cultas. Um advogado e uma professora. No meio da viagem, o
advogado quebrou o silêncio, perguntando ao barqueiro:
- Você sabe alguma coisa de leis?
- Não, respondeu sorrindo o
barqueiro.
- Que pena! Perdeu metade da vida
- Disse compadecido o advogado.
A professora também quis fazer
graça e perguntou: você sabe ler e escrever?
- Não sei.
- Que pena perdeu metade da vida.
A canoa continuou a deslizar, mas
uma corrente forte virou-a e os passageiros caíram à água.
- Vocês sabem nadar?
- Não! Gritam eles.
- Que pena! Perderam a vida.
Nas travessias da vida,
contactamos com gente – numerosa gente – de vários saberes. E nem sempre
valorizamos o valor, o saber das pessoas simples com quem contactamos: é o
lavrador de mãos calejadas e rosto queimado pelo sol, é o pescador que
arriscava a vida todos os dias para brindar com peixes pessoas que nem sequer
conhece, são todos trabalhadores que sabem resolver os nossos problemas, os
quais não sabemos solucionar.
Quantas vezes descobrimos debaixo
de roupas rotas e em mãos calejadas alguém com um saber importante – talvez sem
saber ler ou escrever – mas com a sabedoria da vida: servindo e amando os
outros.
Nestes tempos de valorização dos
valores materiais: do carro que possuem, da vivenda em que habitam, da roupa
luxuosa que ostentam, etc… quantas vezes se olha com sobranceirismo orgulhoso
para gente que trabalha connosco, que serve com o seu saber elevado e precioso.
Cada pessoa, embora não pareça, tem algo de bom, de interessante, de valioso
para nos ensinar.
Há muita gente que pela riqueza
da experiência, se moldou e aprendeu a “nadar” na vida, com a prática da
honestidade, de serviço aos outros.
Certo professor de psicologia fez
um teste aos seus alunos, mas nenhum deles soube responder a esta pergunta:
Qual o nome da mulher da limpeza da sala de aula?
Nenhum soube responder, embora
passassem todos os dias por ela, indiferentemente, como se ela fosse uma pessoa
sem valor.
Olhemos para os humildes que a
vida de muitos deles contém uma lição surpreendente e bela, merecedora de
respeito e digna de imitação.
In Mensageiro do Menino Jesus de Praga
Sem comentários:
Enviar um comentário