05 fevereiro, 2013

“Testemunha da verdade: A verdade e o amor têm necessidade um do outro” (Edith Stein)


            "Depois da sua conversão e de ter deixado a sua actividade como assistente de Hursserl, Edith iniciou um percurso de intensa actividade como professora, escritora, tradutora, conferencista, filósofa, e pedagoga. Mas toda esta actividade não fazia afastar de uma intensa vida espiritual.

As múltiplas actividades, o estudo e o ensino eram conciliados com uma profunda vida de oração. Na oração e «solidão» do diálogo amoroso com Deus, Edith encontrava a força interior que a fortalecia em todas as acções e no trabalho intelectual.

«O importante é que cada pessoa tenha um cantinho tranquilo, no qual possa relacionar-se com Deus, como se nada existisse, e isto diariamente: o tempo mais oportuno parece-me ser as primeiras horas da manhã, antes de começar o trabalho; é então quando se recebe a missão especial para cada dia, sem escolher nada por si mesma; nesse momento, finalmente, contempla-se a si mesma como um mero instrumento, e as forças com que deve trabalhar […] A minha vida começa de novo cada manhã e termina cada noite; para além disto, não tenho nenhum plano ou propósito […]»

A sua vida espiritual, longe de a fechar num casulo e de a fazer centrar-se sobre si mesma, abria-a para a realidade do Outro e dos outros, numa dimensão comunitária e de solidariedade humana. O intuito era um só: levar o homem a Deus e Deus ao homem. Inicialmente Edith pensava que só na vida religiosa conseguiria este equilíbrio e esta vocação, mas descobriu que no mundo, na sua vida quotidiana, desempenhando a sua profissão, ela podia igualmente viver uma relação intensa com Deus. Bastava ser fiel à oração diária. E é neste equilíbrio das obrigações pessoais e profissionais com a vida espiritual que Edith se revela uma mística, um exemplo de perfeita harmonia entre fé e vida, oração e acção.

«Durante o tempo imediatamente anterior a minha conversão e ainda um bom tempo depois, cheguei a pensar que levar uma vida religiosa significava o abandono de tudo o que era terreno e viver somente no pensamento das coisas divinas. Pouco a pouco compreendi que neste mundo nos é exigida outra coisa e que inclusive na vida mais contemplativa, a ligação com o mundo não se deve romper; creio, inclusivamente, que quanto mais profundamente alguém está mergulhado em Deus, tanto mais deve, neste sentido, “ sair de si mesmo” ou melhor dizendo, entrar no mundo para comunicar – lhe a vida divina».  

Neste espírito, Edith Stein adiou o seu projecto de entrar no Carmelo para desenvolver um trabalho/ apostolado como educadora cristã. Ela estava consciente da importância e da necessidade da sua missão como leiga católica na Igreja e na escola. Neste sentido, ela antecipou-se uma vez mais ao concílio Vaticano II, que veio valorizar a importância a missão do leigo na Igreja no mundo.

A rectidão e simplicidade de vida, a serenidade, bondade e disponibilidade, a amizade e o trato com os outros fazem dela um estandarte duma católica convicta com uma fé forte. Nela não há dicotomia entra a fé e a vida. Fé e a vida interligam – se de tal forma que são uma só. Ela dá testemunho da sua vocação como cristã baptizada. Para isso não precisava de fazer discursos ou dar conferências, bastava o seu testemunho da vida."                              
  


                               “A verdade e o amor têm necessidade um do outro” (Edith Stein)

 MACHADO, António José Gomes - Edith Stein: Pedagoga e Mística
Braga: Editorial A. O., 2008, pp. 147-149.  Santos para hoje.

Recolha de Fr. Eugénio.

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