11 fevereiro, 2013

"NUNCA É TARDE”



Andamos sempre atrás de bons propósitos e grandes projectos. Procurando um horizonte de sentido e realização pessoal. Dando o melhor para fazer desta vida um sonho realizado de felicidade e santidade (dizemos os cristãos). Com optimismo, com verdade, com alegria. Sendo felizes, tornando os outros felizes. Mas o tempo para tudo isto escasseia. Passa demasiado veloz para sermos felizes. E santos. E não tem volta atrás. Não sabemos o dia nem a hora. Porque tudo pode ser novo de um momento para o outro, não esqueçamos: “nunca é demasiado tarde”!
Argumento/Sinopse

“Nunca é tarde”, 2007, realizador Rob Reiner, com Jack Nicholson e Morgan Freeman, gen. Drama/aventura/comédia, 137 minutos.
A história é simples. Dois personagens totalmente díspares têm um elemento comum – a certeza, devido a um cancro terminal, da morte a curto prazo. Um mesmo quarto do hospital. Um mesmo tempo: seis meses a um ano de vida. De um lado, Jack Nicholson (Edwardo Cole) interpreta o papel de um bilionário mal-humorado, impaciente, só e pouco amigável. Quatro vezes divorciado, diz-se casado com o seu próprio dinheiro. Morgan Freeman (Cárter Chambers) é o oposto. Mecânico de automóveis para sobreviver, simpático, amigo, conhecedor de praticamente tudo, feliz com a família que ama e onde é amado. A ambos é diagnosticado um cancro. Que fazer? Porque nunca é tarde demais, é preciso aproveitar o tempo para ser feliz. Diria, egoísticamente feliz. Numa lista longa, estabelecem-se as possíveis realizações: sky-jumping, conduzir um Shleby 350, fazer uma tatuagem, visitar os Himalaias, as pirâmides do Egipto, o Taj Majal, fazer um safari em África, beijar a rapariga mais bonita do mundo, rir até chorar ou ajudar um estranho por bem: eis alguma das possíveis acções. E no fim? A quase certeza do dever cumprido. Será?

Crítica

Nesta comédia simples, por vezes negra, a interpretação histriónica de dois grandes nomes de Hollywood relança a pergunta pelo sentido da vida. Apesar do tema (a doença e a morte), é uma história cheia de bom humor. Poderia ser, no entanto, muito mais emotiva e mais humana, atendendo aos temas em questão. Duas personalidades opostas levam por diante o sonho hedonista de não deixar de fazer o que sempre se sonhou fazer. No fundo, parece que nenhum dos dois enfrenta realmente a morte: quem abandonaria a família – objecto de atenção, prioridade e privação durante 45 anos – num momento tão delicado como a doença terminal de um cancro, como faz Chambers? Ou viajar à volta do mundo, sabendo que tudo isto está para terminar? E no meio de tudo isto, a procura da felicidade (passageira) neste aquém de existir. Onde ficam os grandes princípios e a razão última por que vivemos? A história torna-se, então, previsível, passando demasiado tempo “em viagem”. Ainda por cima, a realização deixa a desejar, já que com facilidade percebemos, pela fragilidade dos efeitos especiais, que nem Nicholson, nem Freeman estiveram no Egipto, em África ou na Índia. O que poderia ser um excelente contributo narrativo sobre o sentido da vida fica-se pelo “Nunca é tarde demais” de dois velhos, por vezes a querer coisas de jovens na ilusão da eterna juventude…

Aplicações

Apesar da temática geral do filme (morte e cancro), há um conjunto de pequenas cenas que se poderão utilizar em diferentes contextos e temáticas, sobretudo na catequese com jovens (recordo que o filme é para maiores de 13 anos). A pergunta pelo sentido da vida, a procura da felicidade, da missão que temos a desempenhar neste mundo. Mas também se pode abordar o tema da solidão, da família e da relação entre fé e razão, fé e agnosticismo.

Actividade

Com este filme, podem-se desenvolver diferentes tipos de actividade consoante o tema a ser tratado. É de notar que um certo tom no filme de pendor negativo no que toca ao presentismo excessivo deverá ser tido em conta para uma abordagem de fé à temática da morte.

Sequência

Nesta sequência inicial, o personagem de Freeman pergunta pelo sentido da existência que é difícil avaliar a vida de uma pessoa: será pela fé? Será pelo amor? Importante é descobrirmos a forma de abrir o nosso coração. Esta cena completa-se com a cena final do filme. Que nos move nesta vida? Que é que nos serve para avaliarmos, nós cristãos, a vida que vivemos?

Nesta sequência, é explicado o sentido da “lista” que estão prestes a desenvolver antes de “bater a bota” (“the Bucket list” é o titulo original do filme).

Durante a viagem, os dois personagens estabelecem um interessante diálogo sobre a fé. Afinal, o que é a fé? O que é acreditar? Qual a relação entre razão e fé? O diálogo é curto e pode servir de introdução a uma apresentação sobre a fé e razão (por exemplo, com o texto de João Paulo II, fides et Ratio)

No cimo das pirâmides do Egipto, Cárter conta uma história sobre a felicidade. Quando se chegar ao outro lado da vida, os deuses egípcios antes de deixar entrar no céu perguntarão: encontraste felicidade em vida? E a tua vida, deu felicidade a outro? Estas são também questões importantes a serem respondidas na nossa vida.

Querendo tratar o tema da família, da qualidade das relações interpessoais entre os membros da família versus a tristeza de se viver só, aqui encontra uma sequência, que apesar de curta, é demonstrativa das diferenças.

Sequência final do filme em que se cumprem os elementos que faltam à lista e se compreende a sequencia inicial que aqui fica completa. 

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