Objectivos:
- Conhecer os conteúdos salvíficos
presentes nestas orações
- Acolher esses conteúdos nas nossas próprias
orações, a fim de as tornarmos mais humanas e evangélicas (isto é, orações que
levam o nosso ser, a nossa vida, a nossa história e o autêntico rosto de Deus)
- Fazer notar como ainda hoje, e em sentido
lato, podemos rezar com algumas dessas expressões orantes.
Meios/recursos:
Para desenvolver este
tema, não obstante comecemos por mencionar alguns dados dos evangelistas
Mateus, Marcos e Lucas, deitamos mãos à visão Joanina sobre a oração.
I.
A oração de Jesus:
- Em lugares e momentos importantes da
sua vida
Nos
evangelhos sinópticos, aparece muitas vezes Jesus em atitude de oração. Os
evangelistas fazem-nos compreender que Ele ora, de preferência, em lugares
solitários (Mc 1,35) e em ocasiões importantes da sua vida pública.
Assim, Ele ora pela ocasião do Baptismo
(Lc 3,21-22), quando realiza os milagres (Lc 5,16), na escolha dos doze (Lc
6,12), antes de ensinar o «Pai nosso» (Lc 11,1), no contexto da profecia sobre
a renegação de Pedro e a sua conversão (Lc 22,32), no horto das Oliveiras (Lc
22,41-45) e pouco antes de morrer (Lc 23,34.46).
- Não só a Deus, mas a um Deus que é
Pai (Jo 17,1)
É
de uma grande importância este facto. Pois, significa que a sua oração ou
relação com Deus é vivida, fundamentalmente, não num clima de medo, angústia,
receio ou desconfiança, mas de amor, diálogo, abertura, adesão, segurança, confidência
e de grande intimidade.
Que este seja, de facto, o seu modo de
orar a Deus, o comprovam muitos outros textos, por exemplo, o prólogo de S.
João ao afirmar que é próprio de Jesus tender, desde sempre, para o pai,
desejar a plena comunhão e abrir-se, no amor, a uma total e incondicionada
dependência dele: «No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo
era Deus. No princípio, Ele estava com Deus; (...) Ninguém jamais viu a Deus: o
Filho único, que está voltado para o seio do Pai, este o deu a conhecer
(1,1-2.18)».
- Mais que uma invocação/imploração
ou súplica de ajuda, uma disposição total para cumprir a vontade do Pai
O
evangelista João, embora conheça, no seu conjunto, as narrações dos outros
evangelistas, mostra uma grande originalidade na escolha e no tratamento dos
textos referentes à oração de Jesus. Tal originalidade deve-se à sua
experiência/conhecimento/visão pessoal de Jesus. Por exemplo, no seu evangelho,
Jesus nunca ora como pessoa necessitada, indigente, débil ou angustiada. Por
isso, no quarto evangelho não encontramos alguma alusão ao trecho de Mc
14,33-36 e paralelos: «E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a
apavorar-se e angustiar-se. E disse-lhes: “A minha alma está triste até a
morte. Permanecei aqui e vigiai”. E, indo um pouco adiante, caiu por terra, e
orava para que, se possível, passasse dele a hora. E dizia: “Abba! Ó Pai! Tudo
é possível para ti: afasta de mim este cálice; porém, não o que eu quero, mas o
que tu queres”».
O Jesus de João jamais implora ou
suplica ao Pai para que venha em sua ajuda. Mais que invocação de ajuda, a sua
oração de súplica vem a ser uma entrega total à vontade do Pai e um
declarar-lhe abertamente que está disposto a colaborar em todo o seu desígnio
salvífico para que venha a concretizar-se a ordem eternamente estabelecida.
Daí, em lugar do trecho acima citado, aparecer antes: «Minha
alma está agora conturbada. Que direi? Pai, salva-me desta hora? Mas foi
precisamente para esta hora que eu vim» (12,27).
Pe. Vasco
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