14 fevereiro, 2013

Rosas de Santa Teresinha




Teresa e mais cinco irmãs encontraram-se à volta da cruz de granito do claustro. Apanham as pétalas junto de umas vinte roseiras e atiram-nas ao crucifixo. Do mesmo modo, a última fase da sua vida de amor será cantada em Uma Rosa Desfolhada (PN 51). O anúncio metafórico da sua missão póstuma, «Uma chuva de Rosas» (CA 9.6.3), descobre – ou melhor, não deveria encobrir – a única ambição de Teresa, no céu como na terra: amar a Jesus e fazê-Lo amar. Todos têm conhecimento do amor que Teresa dedicou às flores.

Uma pessoa desistiu de ler "História de uma Alma" quando se deparou com o subtítulo da autobiografia de Santa Teresa de Lisieux: "História primaveril de uma florzinha branca escrita por ela mesma e dedicada à Reverenda Madre Inês de Jesus". Porque achou a palavra "florzinha" decididamente repugnante. Vencida a imediata rejeição à autora que, já de início, se apresenta como uma "florzinha branca", aquele leitor decepcionado prestou um pouco mais de atenção ao desabrochar dos feitos heróicos dessa florzinha. E entristeceu-se ao terminar a leitura do livro. Pediu o segundo volume, que, infelizmente não existe.

Jesus meu único amor, aos pés do teu calvário, como gosto à tarde de atirar-Te flores!...Ao desfolhar para Ti a rosa primaveril, quisera enxugar o Teu pranto... Atirar flores, é oferecer-Te em primícias, os mais leves suspiros, as mais pesadas dores, penas e alegrias, os meus pequenos sacrifícios, Eis mas minhas flores!...

Todos têm conhecimento do amor que Teresa dedicou às flores. Ela perscrutava com avidez o livro da natureza, no qual se estampam flores das mais variadas espécies. Sempre atenta aos jardins, desde a infância, debruçava-se sobre os canteiros. Em sua autobiografia, por razões muito especiais, não se esquecerá daquilo que seus olhos e coração contemplaram: a diversidade das flores quanto à beleza. Teresa, apesar dessa diversidade, percebeu que as flores convivem harmoniosamente nos jardins do mundo inteiro.

Da tua beleza a minha alma enamorou-se, quero oferecer-Te os meus aromas e flores, ao lançá-las para Ti nas asas do vento, quisera inflamar os corações!... Atirar flores, Jesus, eis a minha arma quando quero lutar para salvar os pecadores. A vitória é minha... eu sempre Te desarmo com as minhas flores!!!...

Teresinha nunca quis ser, nos jardins do Senhor, uma flor altaneira. Preferiu ser uma florzinha rebaixada, que até uma criança pode colher e passos desavisados podem pisar.
Que florzinha branca teria sido Teresa? Uma rosa branca ainda em botão? "História de uma Alma" apresenta-nos uma preciosa pista.

As pétalas das flores, afagando-Te o Rosto, dizem-Te que o meu coração é teu. O meu único prazer neste vale de lágrimas, é atirar flores, repetir os teus louvores... no céu irei em breve como os anjos pequeninos, atirar flores!..  
Fr. Vitor

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