Teresa e mais cinco irmãs
encontraram-se à volta da cruz de granito do claustro. Apanham as pétalas junto
de umas vinte roseiras e atiram-nas ao crucifixo. Do mesmo modo, a última fase
da sua vida de amor será cantada em Uma Rosa Desfolhada (PN 51).
O anúncio metafórico da sua missão póstuma, «Uma chuva de Rosas» (CA
9.6.3), descobre – ou melhor, não deveria encobrir – a única ambição de Teresa,
no céu como na terra: amar a Jesus e fazê-Lo amar. Todos têm conhecimento do
amor que Teresa dedicou às flores.
Uma pessoa desistiu de ler
"História de uma Alma" quando se deparou com o subtítulo da
autobiografia de Santa Teresa de Lisieux: "História primaveril de uma
florzinha branca escrita por ela mesma e dedicada à Reverenda Madre Inês de
Jesus". Porque achou a palavra "florzinha" decididamente repugnante.
Vencida a imediata rejeição à autora que, já de início, se apresenta como uma
"florzinha branca", aquele leitor decepcionado prestou um pouco mais
de atenção ao desabrochar dos feitos heróicos dessa florzinha. E entristeceu-se
ao terminar a leitura do livro. Pediu o segundo volume, que, infelizmente não
existe.
Jesus meu único amor, aos pés do
teu calvário, como gosto à tarde de atirar-Te flores!...Ao desfolhar para Ti a
rosa primaveril, quisera enxugar o Teu pranto... Atirar flores, é oferecer-Te
em primícias, os mais leves suspiros, as mais pesadas dores, penas e alegrias,
os meus pequenos sacrifícios, Eis mas minhas flores!...
Todos têm conhecimento do amor
que Teresa dedicou às flores. Ela perscrutava com avidez o livro da natureza,
no qual se estampam flores das mais variadas espécies. Sempre atenta aos
jardins, desde a infância, debruçava-se sobre os canteiros. Em sua
autobiografia, por razões muito especiais, não se esquecerá daquilo que seus
olhos e coração contemplaram: a diversidade das flores quanto à beleza. Teresa,
apesar dessa diversidade, percebeu que as flores convivem harmoniosamente nos
jardins do mundo inteiro.
Da tua beleza a minha alma
enamorou-se, quero oferecer-Te os meus aromas e flores, ao lançá-las para Ti
nas asas do vento, quisera inflamar os corações!... Atirar flores, Jesus, eis a
minha arma quando quero lutar para salvar os pecadores. A vitória é minha... eu
sempre Te desarmo com as minhas flores!!!...
Teresinha nunca quis ser, nos jardins do Senhor, uma flor
altaneira. Preferiu ser uma florzinha rebaixada, que até uma criança pode
colher e passos desavisados podem pisar.
Que florzinha branca teria sido
Teresa? Uma rosa branca ainda em botão? "História de uma Alma"
apresenta-nos uma preciosa pista.
As pétalas das flores,
afagando-Te o Rosto, dizem-Te que o meu coração é teu. O meu único prazer neste
vale de lágrimas, é atirar flores, repetir os teus louvores... no céu irei em
breve como os anjos pequeninos, atirar flores!..
Fr. Vitor
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