Este quarto domingo da Quaresma, é tradicionalmente designado como domingo "Laetare", uma palavra latina que significa «alegria». Este Domingo está repleto de uma alegria que de certa forma atenua o clima penitencial deste tempo quaresmal: "Alegra-te Jerusalém… Exultai e rejubilai, vós que vivíeis na tristeza". A este convite contido na antífona de entrada e nas orações da liturgia de hoje, fez eco o Salmo responsorial. Mas é espontâneo perguntar-nos: qual é o motivo pelo qual nos devemos alegrar? Certamente um motivo é o aproximar-se da Páscoa, a nossa festa mais importante como cristãos, cuja previsão nos faz pregustar a alegria do encontro com Cristo ressuscitado. Contudo, a razão mais profunda da nossa alegria consiste na mensagem oferecida pelas leituras bíblicas que a liturgia hoje propõe. Elas recordam que, apesar das nossas faltas, erros e fraquezas, nós somos os destinatários da misericórdia infinita de Deus.
Precisamente, o tema do amor de Deus é o que sobressai na parábola que escutamos no Evangelho .
A parábola do Filho Pródigo já teve diferentes títulos, porque tudo depende de como cada um a lê e da ressonância que ela tem no coração de cada um. Porque, ao contrário de outras parábolas, esta tem um carácter muito pessoal, ou seja, nela cabe o retrato de cada um de nós. É a parábola de Deus Pai. É a parábola do coração de Deus. Mas também é a parábola de cada um de nós, porque há cenas que se repetem também nas nossas vidas onde há um pai que nos ama incondicionalmente. Mas que ama tanto que só pode respeitar a liberdade de cada homem. O Seu amor pela humanidade é sem limites e por isso, concedeu-nos o dom da liberdade. Liberdade, inclusive, de O negar e de nos afastarmos d’Ele. Há, portanto, uma liberdade mal usada e que só pode trazer miséria, degradação e desespero.
Mas a parábola não tem tanto a finalidade de nos descrever a nós mesmos, mas sim de descrever o coração de Deus e de nos convidar a amar como Ele ama, a perdoar como Ele perdoa e a celebrar como ele celebra o regresso de alguém à casa do Pai. Ele sai a receber o filho que regressa de longe. E sai a chamar o Filho que está próximo mas que se nega a entrar na casa paterna.
Talvez há já demasiado tempo que temos o coração de ambos os filhos. É o momento de termos o coração do Pai. É o momento de amar como o Pai. É o momento de perdoar como temos sido perdoados. É o momento de descobrir que ser cristãos, ser Filhos de Deus, é experimentar o abraço terno deste Pai que nos traz de novo à vida. Que devolve rumo, dignidade e alegria.
Esta é a historia de Deus com cada um de nós. Uma bela história de amor, uma bela história de beijos, abraços e festa onde o protagonista é Deus.
Assim é Deus, tão bom, tão compreensivo, tão indulgente com quem se arrepende, tão cheio de misericórdia e tão transbordante de amor.
Continuemos com fé viva e espirito generoso o nosso caminho rumo a Páscoa.
Pe. Víctor
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