VIVER O ESSENCIAL
Vamos
tentar agora aproximar-nos dos elementos essenciais da vida quotidiana do
Carmelo e que Edith faz seus. Fazem parte da sua vida diária. E embora não
possamos penetrar na sua historicidade, podemos perceber o significado que tem
para ela. Ao fim de contas, é nela que se fundamenta a sua vida e vocação no Carmelo.
A oração é elemento essencial do
Carmelo, e da vida de Edith. É razão da sua existência e a sua maneira de servir
a Deus: “O nosso horário garante-nos de diálogo a sós com o Senhor, e nelas se
fundamenta a nossa vida” (OC V, 564). Já
numa carta escrita nos primeiros meses no Carmelo (11 de Janeiro de 1634),
escrevia: “A maioria das Irmãs, quando são chamadas ao locutório, consideram-no
uma penitência. É a sempre um passo para um mundo estranho, e fica-se feliz
quando se regressa novamente à paz do coro, e assimilar diante do sacrário o
que foi encomendado a cada uma. Todos os dias, eu sinto esta paz como um
magnífico dom da graça, que não é dado só a mim; e se alguém se aproximar de
nós, abatido e cansado podendo levar daqui, alguma paz e consolação, então
sinto-me muito feliz” (Ct 1069).
Embora a oração mental e
contemplativa seja o elemento carismático centrar isso não exclui a participação
na liturgia oficial da igreja, que parte integrante da vida carmelita: “O resto
gira a volta desta realidade (O diálogo solitário com Deus): Rezamos a liturgia
das horas com os sacerdotes e as outras ordens antigas da igreja; e este “ofício
Divino ” é para nós como para eles, a nossa primeira e mais sagrada obrigação.
Mas para nós esta não é base fundamental. O que Deus opera nas nossas almas
durante as horas da oração interior está escondido aos olhos dos homens” (OC v,
564).
A Eucaristia e o ano litúrgico
recebem no ambiente contemplativo e comunitário do Carmelo um sabor especial, que
Edith sabe captar e transmitir: “Assim o ano litúrgico é no Carmelo um rosário
de lindas festas, celebradas não só no sentido litúrgico, mas também como
festas familiares que se vivem numa alegria cordial e estreitam o laço do amor
fraterno” (OC V, 71) as grandes celebrações dos mistérios de Cristo, como o
Natal e a Páscoa, adquirem um sentido especial. A liturgia não se reduz aos
momentos celebrativos, mas impregna o dia interior (cf. Modelo 189 SS.)
As festas Marianas e Josefinas são
celebradas também com grande solenidade no Carmelo. A elas junta – se a outras
muito típicas da ordem, que são vividas num ambiente ainda mais familiar: Santo Elias, Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha Teresa
Margarida Redi…
Outras duas festas adquirem um valor
particular: a Exaltação da santa Cruz, no dia 14 de Setembro, o dia em que
começa o tempo de jejum, e a Epifania no dia 6 de Janeiro. Em ambas destas
fazia-se a renovação comunitária dos votos. Com o passar dos anos, esta festa
vai adquirir cada vez maior sentido na vida de Edith pois, em concreto, tem uma
relação directa com a sua vocação pessoal.
Em
suma, todos estes aspectos são como que o caminho e os meios que vão ajudá-la a
viver em plenitude a entrega diária que a sua vocação implica.
“Ao que se entrega
incondicionalmente ao Senhor,
o Senhor escolhe como instrumento
para instaurar
o seu Reino ”
(Edith Stein)
SANCHO FERMÍN, F. Javier - 100 Fichas sobre "Edit Stein". Avessadas: Edições Carmelo, 2008, p. 68
Recolha de Fr. Eugénio
Sem comentários:
Enviar um comentário