Quando o
grande mestre Rabbi Israel Baal Shem-Tov via a desgraça a ameaçar os judeus
costumava dirigir-se a um determinado lugar na floresta para meditar. Quando lá
chegava, acendia uma luz e dizia uma oração apropriada; o milagre realizava-se
e a desgraça afastava-se.
Mais tarde,
quando a desgraça voltava a ameaçar, o seu célebre discípulo, Magi de
Mezeritch, dirigia-se para o mesmo lugar na floresta, e dizia: «Senhor do universo, escuta! Não sei acender
a luz, mas ainda sou capaz de dizer a oração». E o milagre realizava-se
outra vez.
Mais tarde
ainda, Rabbi Moshe-Leib de Sassov, este, discípulo do anterior, para salvar uma
vez mais o seu povo, dirigia-se para a floresta e dizia: «não sei acender a luz, não sei a oração, mas sei o lugar e isto será
suficiente». E era suficiente, o milagre voltava a realizar-se.
Aconteceu,
ainda muito mais tarde, a desgraça voltar novamente, e agora, Rabbi Israel de
Rizhin, discípulo do anterior, sentou-se na sua cadeira de braços, pôs a cabeça
entre as mãos, e falou a Deus: «já nem
sequer sei encontrar o lugar certo na floresta. Tudo o que posso fazer é contar
a história, e isto deve ser suficiente». E foi suficiente.
WIESEL,
Elie – As Portas da Floresta. In COUTO, António – Pentateuco - Caminho da Vida Agraciada. 2ª ed. Lisboa: Universidade
Católica Editora, 2005, p. 185. Colecção Estudos Teológicos; 13.
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