13 maio, 2013

As Portas da Floresta



Quando o grande mestre Rabbi Israel Baal Shem-Tov via a desgraça a ameaçar os judeus costumava dirigir-se a um determinado lugar na floresta para meditar. Quando lá chegava, acendia uma luz e dizia uma oração apropriada; o milagre realizava-se e a desgraça afastava-se.

Mais tarde, quando a desgraça voltava a ameaçar, o seu célebre discípulo, Magi de Mezeritch, dirigia-se para o mesmo lugar na floresta, e dizia: «Senhor do universo, escuta! Não sei acender a luz, mas ainda sou capaz de dizer a oração». E o milagre realizava-se outra vez.

Mais tarde ainda, Rabbi Moshe-Leib de Sassov, este, discípulo do anterior, para salvar uma vez mais o seu povo, dirigia-se para a floresta e dizia: «não sei acender a luz, não sei a oração, mas sei o lugar e isto será suficiente». E era suficiente, o milagre voltava a realizar-se.

Aconteceu, ainda muito mais tarde, a desgraça voltar novamente, e agora, Rabbi Israel de Rizhin, discípulo do anterior, sentou-se na sua cadeira de braços, pôs a cabeça entre as mãos, e falou a Deus: «já nem sequer sei encontrar o lugar certo na floresta. Tudo o que posso fazer é contar a história, e isto deve ser suficiente». E foi suficiente.

WIESEL, Elie – As Portas da Floresta. In COUTO, António – Pentateuco - Caminho da Vida Agraciada. 2ª ed. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2005, p. 185. Colecção Estudos Teológicos; 13. 

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