Hoje, no Carmelo, celebramos São Simão Stock. Não são muitas as notícias que temos deste nosso Santo. Sabemos que era inglês, que viveu no séc. XIII, que morreu em Bordéus, e que frequentou a Universidade de Oxford onde se doutorou em Teologia. É venerado na Ordem do Carmo pela sua grande santidade e pela sua admirável devoção à Virgem Maria. A sua festa sempre foi celebrada no dia 16 de Maio, como sendo o dia da sua morte. Pensa-se que era natural do condado de Kent e que, muito jovem, optou por uma vida eremítica, vivendo muitos anos na concavidade de um tronco, por isso lhe chamam Stock, que em inglês quer dizer «tronco». A partir do ano 1232, os carmelitas visitaram várias vezes a Inglaterra, até que em 1242, fundam lá o seu primeiro convento. Numa destas visitas Simão conheceu os carmelitas e deixou-se cativar por eles, vindo a pedir o hábito da Ordem. Dirigiu-se para a Terra Santa, com os religiosos, tendo vivido no Monte Carmelo. Quando, em 1242, os carmelitas fundam em Inglaterra, Simão acompanha-os e intervém nas primeiras fundações. Cinco anos mais tarde, a Ordem celebrou o Capítulo Geral em Inglaterra e Frei Simão Stock foi eleito Prior Geral da Europa. A vinda dos carmelitas para a Europa e a sua rápida extensão atraía a si imensos jovens universitários cativados pelo estilo de vida do Carmo desencadeando-se, ao mesmo tempo, uma onda de ciúme e inveja em muitos sectores da Igreja. Párocos, Reitores e Bispos moveram uma guerra surda aos carmelitas «não deixando construir igrejas e obrigando-os a impostos e serviços graves insuportáveis, que nunca tinham tido no Monte Carmelo ou em outros conventos da Terra Santa». Em 1251, Frei Simão Stock convocou um Capítulo Geral pedindo a toda a Ordem que rezasse noite e dia pela resolução do problema. Acudiram ao Céu e ao Papa. S. Simão liderava esta campanha rezando com insistência à Mãe do Carmo para que deles se compadecesse. Um dia em que, como tantas vezes, rezava a oração do «Flos Carmeli», apareceu-lhe a Virgem Maria na sua cela e entregou-lhe o Escapulário dizendo que este símbolo era o sinal da sua protecção para com os carmelitas e para quem a partir de então o usasse. Pensa-se que esta aparição se deu na noite de 15 ou 16 de Julho. Era o ano de 1251. A 13 de Janeiro de 1252, o Papa escreve uma carta aos bispos defendendo os carmelitas. Porém, quatro anos mais tarde, sobrevém novo ataque aos carmelitas e mais perigoso que o primeiro, pois os frades estão divididos: uns querem apenas a vida eremítica tal como se vivia no principio, no Monte do Carmo. Outros, como Frei S. Simão Stock, pretendem uma vida equilibrada e adaptada à Europa: solidão e apostolado, o que exigia a fundação de conventos, não no deserto, mas junto de cidades e universidades. Recorre Frei Simão, Prior Geral, ao Papa que lhe concede razão e protecção. Mais uma vez, em 1264, S. Simão presidiu ao Capítulo Geral em Tolosa, França, vindo a morrer em Bordéus no ano de 1265, onde ainda hoje se guardam os seus restos mortais. | |||
Com a sua morte, não cessou, contudo, a devoção ao escapulário. Este sinal de especial protecção de Maria aos seus filhos faz parte do hábito do carmelita. Santa Teresa no Caminho de Perfeição (C 13,3), dirigindo-se às suas irmãs, exorta-as: | |||
"Minhas filhas, pareçamo-nos nalguma coisa à grande humildade da Sacratíssima Virgem, cujo hábito trazemos. É uma afronta dizer que somos suas freiras, pois, por muito que nos pareça que nos humilhamos, ficamos bem longe de ser filhas de tal Mãe e esposas de tal Esposo." Neste dia de Maio, recordando o amor que S. Simão Stock tinha a Nossa Senhora do Carmo e com grande vontade de nos parecermos à Sacratíssima Virgem, rezemos a oração que rezava este nosso Santo: Do Carmo a Flor vide florida do céu esplendor. Virgem fecunda, singular Mãe sem par De homem ignorada! Ao Carmo vem dar a tua ajuda. Estrela do mar! |
(Imagem do altar-mor do Convento dos Carmelitas em Segóvia:
São João da Cruz recebendo o escapulário)
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