Imagine-se o principiante a começar a plantar um
horto em terra muito infrutífera e com
muitas más ervas a fim de que nele o Senhor se possa deleitar. Sua Majestade
arranca as ervas más e vai plantando as boas. Vamos supor que isso já está
feito quando uma alma se determina a ter oração e começa a exercitar-se nela. Como
bons hortelãos, e com a ajuda de Deus, devemos procurar que estas plantas
cresçam, cuidando de as regar a fim de que não morram e venham a dar flores que
exalem um forte odor, capaz de satisfazer a este nosso Senhor. Assim, Ele virá
muitas vezes a este horto para se deleitar e recrear no meio destas virtudes.
Vejamos,
agora, a maneira de o regar, a fim de saber o que temos a fazer e o trabalho
que nos vai custar, se o lucro dá para o trabalho, e por quanto tempo há-de
durar.
A mim, parece-me que se pode regar de quatro
maneiras: tirar a água de um poço à
custa de muito esforço pessoal; tirá-la com
uma nora de alcatruzes, puxada por um torno (assim a tirei algumas vezes):
dá menos trabalho do que a primeira e tira-se mais água; trazê-la de um rio ou ribeiro: rega-se muito melhor,
a terra fica mais empapada de água, não é preciso regar tantas vezes, o
hortelão tem muito menos trabalho; a
muita chuva com que o Senhor o rega sem trabalho algum da nossa parte e
incomparavelmente muito melhor do que tudo quanto ficou dito.
(Santa Teresa V 11, 6-7)
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