"Afastada, de
momento, a ideia de ser religiosa, Edith pensa em empregar o seu tempo e as
suas qualidades em alguma tarefa útil, não apenas científica mas também
apostólica. Espira será o seu campo de trabalho. O sacerdote que baptizou
apresenta-a ao vigário geral da diocese, Mons. Josef Shwind que desde então o
seu conselheiro espiritual e amigo cordial. E a primeira coisa que este
sacerdote faz é rejeita-lhe todos os planos prematuros de vida claustral e
impor-lhe um longo período de espera no mundo. Ao longo dez anos Edith vai uma
e outra vez colocando a questão da sua entrada no convento e ouve sempre a
mesma resposta do seu director espiritual: não. E ela aceita com obediência
humilde e absoluta. Atendendo ao seu desejo de silêncio e recolhimento, Mons.
Schwind encarrega-se de lhe arranjar um trabalho adequado e recomenda-a para a
professora de alemão no colégio de santa Maria Madalena, das Irmãs dominicanas.
Habitual a
trabalhar com alunos universitário em Friburgo, aqui, de modo, com este
discipulado, desce de nível. Mas ela depressa adapta ás novas circunstâncias e
sente-se feliz em espira por poder viver dentro de uma atmosfera conventual. Ao
longo destes anos, a sua personalidade cristã e católica vai amadurecendo. Prepara conscienciosamente as suas aulas.
Não se limita a instruir, procura educar as aulas, menos com palavras que com o
seu testemunho de vida. Em toda a sua maneira de ser - e não apenas na sala de aulas – revela-se como
excelente pedagoga.
Edith procura esconder-se,
para aprofundar a sua vida de fé e viver em felicidade a imitação de Cristo.
Mas, quanto mais se esconde, tanto mais radiante aparece aos que com ela tratam
a luz interior da sua união com Deus.
«A Doutora Edith
Stein dava aula de alemã nos cursos superiores da escola; era uma mulher muito
inteligente, piedosa e modesta no seu porte. No convento, ocupava um quarto
simples, com muitos livros nas estantes. Ali passávamos nós as mais velhas,
algumas belas e interessante veladas literalmente sentadas as seus pés e
escudando as suas palavras. Era pequena, mas de aspecto agradável, de rosto um
pouco pálido e de risca ao no cabelo. Uma pequena cova no queixo tornava o seu
rosto um tanto interessante. O seu porte era geralmente sério e os seus olhos
reflectiam frequentemente uma certa tristeza. No entanto, ria – se connosco
quando surgia algum motivo razoável. Tínhamos para com ela uma certa veneração,
e o seu rosto irradiava algo que comovia e cativava interiormente…como cristã
profundamente crente sentia – se muito á vontade e e segura em casas Das dominicanas.
Era frequente participar na oração coral das Irmãs. Víamo-lo várias vezes ao
dia recolhida em profunda e contemplativa oração, ajoelhada num reclinatório,
num canto próximo do altar…»"
"Nenhuma obra espiritual vem ao mundo
sem grandes trabalhos."
VAZ, Mário - Edith Stein. Uma síntese dramática do séc. XX. Paço de Arcos: Edições Carmelo, 1998, pp. 55-57.
Recolha de Fr. Eugénio
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