19 fevereiro, 2013

“Testemunha da verdade”




"Afastada, de momento, a ideia de ser religiosa, Edith pensa em empregar o seu tempo e as suas qualidades em alguma tarefa útil, não apenas científica mas também apostólica. Espira será o seu campo de trabalho. O sacerdote que baptizou apresenta-a ao vigário geral da diocese, Mons. Josef Shwind que desde então o seu conselheiro espiritual e amigo cordial. E a primeira coisa que este sacerdote faz é rejeita-lhe todos os planos prematuros de vida claustral e impor-lhe um longo período de espera no mundo. Ao longo dez anos Edith vai uma e outra vez colocando a questão da sua entrada no convento e ouve sempre a mesma resposta do seu director espiritual: não. E ela aceita com obediência humilde e absoluta. Atendendo ao seu desejo de silêncio e recolhimento, Mons. Schwind encarrega-se de lhe arranjar um trabalho adequado e recomenda-a para a professora de alemão no colégio de santa Maria Madalena, das Irmãs dominicanas.

Habitual a trabalhar com alunos universitário em Friburgo, aqui, de modo, com este discipulado, desce de nível. Mas ela depressa adapta ás novas circunstâncias e sente-se feliz em espira por poder viver dentro de uma atmosfera conventual. Ao longo destes anos, a sua personalidade cristã e católica vai amadurecendo.   Prepara conscienciosamente as suas aulas. Não se limita a instruir, procura educar as aulas, menos com palavras que com o seu testemunho de vida. Em toda a sua maneira de ser -  e não apenas na sala de aulas – revela-se como excelente pedagoga. 

Edith procura esconder-se, para aprofundar a sua vida de fé e viver em felicidade a imitação de Cristo. Mas, quanto mais se esconde, tanto mais radiante aparece aos que com ela tratam a luz interior da sua união com Deus.

«A Doutora Edith Stein dava aula de alemã nos cursos superiores da escola; era uma mulher muito inteligente, piedosa e modesta no seu porte. No convento, ocupava um quarto simples, com muitos livros nas estantes. Ali passávamos nós as mais velhas, algumas belas e interessante veladas literalmente sentadas as seus pés e escudando as suas palavras. Era pequena, mas de aspecto agradável, de rosto um pouco pálido e de risca ao no cabelo. Uma pequena cova no queixo tornava o seu rosto um tanto interessante. O seu porte era geralmente sério e os seus olhos reflectiam frequentemente uma certa tristeza. No entanto, ria – se connosco quando surgia algum motivo razoável. Tínhamos para com ela uma certa veneração, e o seu rosto irradiava algo que comovia e cativava interiormente…como cristã profundamente crente sentia – se muito á vontade e e segura em casas Das dominicanas. Era frequente participar na oração coral das Irmãs. Víamo-lo várias vezes ao dia recolhida em profunda e contemplativa oração, ajoelhada num reclinatório, num canto próximo do altar…»"


"Nenhuma obra espiritual vem ao mundo
sem grandes trabalhos."



VAZ,  Mário -  Edith Stein. Uma síntese dramática do séc. XX.  Paço de Arcos:  Edições Carmelo, 1998, pp. 55-57.

Recolha de Fr. Eugénio

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