Edith Stein acentua várias vezes
a ideia do homem como imagem e semelhança de Deus. Juntamente com a origem do
homem, que define o seu ser de criatura, descobre, além disso, os elementos que
constituem a vocação de todo o ser humano: ser imagem de Deus procriar uma
posteridade e dominar a terra. A primeira, ser imagem, é a central. As outras
duas vêm a ser uma explicitação da primeira. Procuremos ver o sentido de cada
um destes elementos:
«Ser imagem de Deus». Este
princípio é para Edith o fundamento de uma correcta compreensão do homem. Um
dos elementos resultantes desta afirmação é a bondade do homem, cuja única
razão de ser radica na sua origem. E embora essa bondade apareça depois corrompida
pelo pecado, não desaparece radicalmente. Continua a estar presente, tal como a
imagem (cf. OC IV, 568ss.).
Ser imagem significa, além disso,
ter em Deus o protótipo do próprio ser. O homem traz em si a imagem do Deus uno
e trino (cf. SF 440 SS.). Edith descobre na forma plural do façamos um elemento
para poder falar de trindade (ib.366).
Em relação ao versículo será os
dois uma só carne (Gn2,24), Edith, para acentuar unidade presente na estrutura
do homem enquanto correspondente á imagem do Deus uno, fará o seguinte
comentário: «isto quer dizer que a vida dos dois primeiros seres humanos deve
ser considerada como a mais íntima comunidade de amor. Ambos colaboram em
perfeita harmonia de forças num único ser. Uma perfeita harmonia das potências
era o que sucedia no indivíduo antes do pecado; o espírito e o sentido estavam
numa relação perfeita sem possibilidade de contraste» (ib.).
Ao longo da vida o homem é
chamado a reproduzir em si a imagem de Deus. Este carácter dinâmico, que
implicará no homem no esforço especial acompanhado da graça divina, aparece
depôs do pecado. Para compreender esta realidade será necessário precisar ainda
mais; o sentido da imagem de Deus no homem.
Um aspecto que aparece tratado de
um modo original na interpretação que Edith faz da imagem de Deus no homem, é o
princípio segundo o qual o homem tem que «amar-se a si mesmo». Longe de parecer
um princípio egocêntrico, manifesta em si mesmo o que é a vida intratrinitária.
Por outro lado, ajuda compreender o mandamento do amor numa autêntica chave
antropológica: amar o próximo como si mesmo. Justifica, igualmente, o princípio
que os místicos evidenciam como central na vida de oração: o conhecimento
próprio. Edith exprime-se com estas palavras: «assim o espírito criado que se
ama a si mesmo torna-se imagem de Deus. No entanto, para se amar a si mesmo
deve conhecer-se a si mesmo. Assim, o conhecimento é gerado pelo amor, enquanto
que amor mesmo não é gerado. O verbo que é gerado pelo espírito pelo amor é o
conhecimento amado. Quando o espírito se ama e se conhece, o verbo agrega-se a
ele pelo amor. O Amor está no verbo, o verbo está no amor e os dois estão
naquele que ama e fala. Assim, o espírito, com o conhecimento e o amor de si
mesmo é uma imagem de trindade»
(SF 462).
SANCHO FERMÍN, F. Javier - 100 Fichas sobre "Edit Stein". Avessadas: Edições Carmelo, 2003, p. 118
Recolha de Fr. Eugénio
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