05 março, 2013

IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS: A vocação do homem a ser imagem de Deus


Edith Stein acentua várias vezes a ideia do homem como imagem e semelhança de Deus. Juntamente com a origem do homem, que define o seu ser de criatura, descobre, além disso, os elementos que constituem a vocação de todo o ser humano: ser imagem de Deus procriar uma posteridade e dominar a terra. A primeira, ser imagem, é a central. As outras duas vêm a ser uma explicitação da primeira. Procuremos ver o sentido de cada um destes elementos:

«Ser imagem de Deus». Este princípio é para Edith o fundamento de uma correcta compreensão do homem. Um dos elementos resultantes desta afirmação é a bondade do homem, cuja única razão de ser radica na sua origem. E embora essa bondade apareça depois corrompida pelo pecado, não desaparece radicalmente. Continua a estar presente, tal como a imagem (cf. OC IV, 568ss.).

Ser imagem significa, além disso, ter em Deus o protótipo do próprio ser. O homem traz em si a imagem do Deus uno e trino (cf. SF 440 SS.). Edith descobre na forma plural do façamos um elemento para poder falar de trindade (ib.366).

Em relação ao versículo será os dois uma só carne (Gn2,24), Edith, para acentuar unidade presente na estrutura do homem enquanto correspondente á imagem do Deus uno, fará o seguinte comentário: «isto quer dizer que a vida dos dois primeiros seres humanos deve ser considerada como a mais íntima comunidade de amor. Ambos colaboram em perfeita harmonia de forças num único ser. Uma perfeita harmonia das potências era o que sucedia no indivíduo antes do pecado; o espírito e o sentido estavam numa relação perfeita sem possibilidade de contraste» (ib.).

Ao longo da vida o homem é chamado a reproduzir em si a imagem de Deus. Este carácter dinâmico, que implicará no homem no esforço especial acompanhado da graça divina, aparece depôs do pecado. Para compreender esta realidade será necessário precisar ainda mais; o sentido da imagem de Deus no homem.                    
      
Um aspecto que aparece tratado de um modo original na interpretação que Edith faz da imagem de Deus no homem, é o princípio segundo o qual o homem tem que «amar-se a si mesmo». Longe de parecer um princípio egocêntrico, manifesta em si mesmo o que é a vida intratrinitária. Por outro lado, ajuda compreender o mandamento do amor numa autêntica chave antropológica: amar o próximo como si mesmo. Justifica, igualmente, o princípio que os místicos evidenciam como central na vida de oração: o conhecimento próprio. Edith exprime-se com estas palavras: «assim o espírito criado que se ama a si mesmo torna-se imagem de Deus. No entanto, para se amar a si mesmo deve conhecer-se a si mesmo. Assim, o conhecimento é gerado pelo amor, enquanto que amor mesmo não é gerado. O verbo que é gerado pelo espírito pelo amor é o conhecimento amado. Quando o espírito se ama e se conhece, o verbo agrega-se a ele pelo amor. O Amor está no verbo, o verbo está no amor e os dois estão naquele que ama e fala. Assim, o espírito, com o conhecimento e o amor de si mesmo é uma imagem de trindade»
(SF 462).

SANCHO FERMÍN,  F. Javier -  100 Fichas sobre "Edit Stein".  Avessadas: Edições Carmelo, 2003, p.  118 

Recolha  de Fr. Eugénio

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