01 abril, 2013

A cor das lentes com que se… vê



Que alegria sentiu aquele viajante quando viu ao longe o oásis!
Já tinha percorrido centenas de quilómetros sobre as areias de uma imponente planície desértica. 
À sombra de algumas palmeiras, os habitantes pareciam um paraíso de felicidade: as crianças brincavam, as mulheres cumprimentavam sorridentes e os homens passavam as horas em agradável convívio.

Se antes o nosso viajante imaginava como único paraíso a sombra e a água, agora acabava de descobrir que a felicidade também está, e cresce com o acolhimento, a comunicação e as relações amigáveis.

Aquele ambiente pareceu-lhe tão extraordinário que quis conhecer a sua razão de ser. Ao ver um velho que brincava com uma criança perguntou-lhe: «Oiça, procuro um lugar agradável para viver. Como são as pessoas desta terra?». O venerável ancião não lhe respondeu, mas perguntou por sua vez: «e como são as da sua terra?».

O viajante, respondeu um pouco aborrecido: «As pessoas da minha terra são egoístas, desconfiadas e pouco credíveis». «Pois, aqui as pessoas - disse o ancião – são muito parecidas com essas».
        
O viajante, decepcionado, disse para consigo: «Nem tudo o que reluz é ouro. Mais vale ir procurar outro oásis».

Mas eis que algumas horas mais tarde, casualmente, chegou outro viajante que, ao ver o mesmo espectáculo, fez a mesma pergunta. E o ancião, por sua vez fez também a sua pergunta: «como são as da sua terra?».

O novo viajante lembrou, radiante de alegria, as pessoas da sua aldeia como pessoas cheias de bondade, de boa vizinhança, de alegria e de solidariedade…recordava-as com grande carinho.

O ancião respondeu com o mesmo tom: «Pois, aqui as pessoas também são assim, são muito parecidas».

O viajante foi-se embora contente por ter encontrado tanta gente boa e feliz. Quando ficaram a sós, a criança perguntou admirada ao ancião porque é que respondeu do mesmo modo a pessoas tão diferentes.

O ancião, com ar afável e misterioso, respondeu-lhe: «Não fugi à verdade. O bem e o mal não estão fora, mas dentro de cada um. Costumamos ver com os olhos do coração. Quem desconfia das pessoas no lugar onde vive, também desconfiará no lugar para onde for». 

In Parábolas de Hoje

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